Atualizado em 21/08/2024 às 10:24:21
Encontro da Urcamp reúne técnicos e pesquisadores do Iphan e de universidades gaúchas
A segunda noite da Semana Acadêmica Integrada da Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil foi desenvolvida de maneira virtualizada em função do alerta da Defesa Civil do estado, com previsão de fortes chuvas e temporais. Os palestrantes do evento de terça-feira compartilharam a mesma sala on-line, em formato de mesa redonda, cuja proposta foi debater o pampa enquanto patrimônio a partir de uma contribuição conjunta.
A abertura ficou por conta dos pesquisadores, professora Doutora Flávia Maria Silva Rieth - UFPEL, professor Doutor Gonzalo Prudkin - UFSM e Beatriz Muniz Freire - IPHAN/RS. Eles integram a equipe do Inventário Nacional de Referências Culturais das lides campeiras nas regiões de Bagé e Alto Camaquã. O INRC é um trabalho aprofundado sobre o cotidiano do campo, suas lides, comportamentos e costumes. São estudadas práticas como a doma e a esquila, a tropeada e campereada, o artesanato e elementos que fazem com que essa região tenha uma rica e intensa identidade, o que é visto como patrimônio histórico e cultural.
A pesquisadora Flávia Maria Silva Rieth, conta que é preciso olhar para esse patrimônio campeiro, pensando num processo de pesquisa, como um rico acervo rural. "É preciso trabalhar políticas públicas que contemplem os diferentes contextos no cotidiano e que contribuam com o modo de vida das pessoas. Isso inclui práticas e recursos materiais, intelectuais que estejam conectados com as mudanças sociais", justifica. A pesquisa realizada na região de Bagé, conta com referências vivas, como o historiador, músico e compositor Heron Vaz Mattos, por exemplo, que relata os caminhos de tropas, hoje em sua maioria, trilhas asfaltadas, o que caracteriza uma simbiose entre o campo e a cidade.
O professor Dr. Gonzalo Prudkin - UFSM, destacou a importância do Guasqueiro, enquanto profissional do artesanato campeiro, que se tornou um personagem dentro do patrimônio do pampa. A guasqueria remete a uma técnica artesanal e um ofício ancestral, empregada com base no couro cru de bovino e cavalar, sem a utilização de produtos químicos. "É uma arte popular centenária ligada com a conformação da identidade do habitante e trabalhador rural, que se torna o guasqueiro", explica. O trabalho está interligado com a natureza, a criação de animais e a vinculação com as demandas funcionais do campo.
A representante do IPHAN/RS, Beatriz Muniz Freire, relatou que a pampa (termo de origem quichua - indígenas da América do Sul - que significa região ou terra plana) precisa de políticas que saibam ouvir o homem do campo. Ela destacou a riqueza cultural que permeia o cotidiano rural e que muitas vezes se torna invisível para quem vive na cidade. "Por isso é importante estarmos aqui, debatendo o patrimônio, isso precisa resultar em salvaguardar esses costumes, envolver o campeiro e o urbano, de forma que a gente possa perpetuar essa identidade", justifica.
A noite contou com a participação do engenheiro civil de Pelotas, Miguel Medina, que falou sobre "Patrimônio Histórico e os desafios no mercado de trabalho". Ele atua com projetos na área da construção civil e falou da importância de trabalhar a gestão dentro da profissão. "É preciso entender que além de construtores, temos o desafio de liderar, então, invistam em conhecimento, em novos softwares, mas invistam também em cursos, ferramentas para conviver e gerir pessoas", destaca.
A noite encerrou com a colaboração do professor, escritor e pesquisador, Cláudio Lemieszek, que está à frente do Arquivo Público Municipal de Bagé e reforçou a riqueza do acervo que lá existe. "O nosso arquivo foi criado em 1997. Hoje contamos com mais 1 milhão de documentos catalogados, além de estarmos equipados num prédio próprio, com 27 salas que abrigam todo o nosso acervo", pontua. Aliando patrimônio à preocupação com meio ambiente, relatou que a luta pela preservação do Arroio Bagé não vem de agora. “Desde o ano de 1942 há registros de limpeza e preservação do rio na Panela do Candal”, destaca.
Programa de quarta-feira
A programação presencial da Semana Acadêmica Integrada da Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil continua nesta quarta-feira, 21:
19h - Preservação e Cidadania - Participação ECOARTE / Francisco Botelho / Museus e Educação. Participação Profª. Maria Luiza Pêgas
19h30min - Construção do espaço Panela do Candal - desafios da execução na engenharia. Palestra Eng. Civil Rafael Hendler
20h - Vivências e práticas do arquiteto no patrimônio cultural. Participação Arquiteta Simone Neutzling
20h30min - Turismo no Centro Histórico - Participação Secretaria de Turismo e Conselho de Turismo
20h45min - Intervalo
21h - Arte e Patrimônio Cemiterial - Palestra Prof. Drª. Clarisse Ismério
21h15min - Planos cromáticos e prospecção - Participação Arquiteta Vanessa Martins